sábado, 12 de janeiro de 2008

Perdendo a noção



David Fincher sabe lidar com personagens perturbados. A conclusão é simples demais, mas é a primeira coisa que vem à mente quando se vê os seus filmes. Diretor de clipes e propagandas, não se deu muito bem no seu primeiro passo em Hollywood, dirigindo Aliens 3. Por mais desagrado que cause (e causou, inclusive nas bilheterias), não dá pra deixar de gostar em ver a iniciativa de tentar pôr um fim à história espacial, de maneira bem sombria, como o espírito da série. Se Aliens 3 não foi bem, a redenção veio 3 anos depois, em 1995. Se7en dispensa comentários agora, é uma referência no gênero policial e vai ser citado em outro texto.

Em 1997 dirigiu
Vidas em Jogo e, dois anos depois, fez o Clube da Luta, filme polêmico, divertido, violento, com um pé na anarquia e no surrealismo. Em 2001 dirigiu Quarto do Pânico (que passou na última quinta-feira na TV), que mostra os personagens menos "desequilibrados" de seus filmes. Ainda há homícidios, espancamento, destruição, perseguição, mas não ultrapassa o limite da 'indignação com a violência humana', por assim dizer. 6 anos depois, entrega Zodíaco, mostrando como as ações do serial killer auto-denominado Zodíaco influenciam a vida de um repórter, um policial e um cartunista. Ao contrário de Se7en, Zodíaco não explica os motivos do assassino e não utiliza um visual cruel e fantástico. O filme, baseado em fatos reais, acompanha a repercussão do Zodíaco e a investigação que realizam para descobrir sua identidade (que nunca foi revelada). Quase não há cenas que prendem a respiração. O que vale é ver como a investigação vira obsessão, quase uma questão de honra. Excelente filme.

Para sentir um suspense propriamente dito, aquela expectativa de perigo, o melhor de Fincher é
Vidas em Jogo (no original The Game, o único filme de Fincher que não ganhou uma tradução literal no Brasil). Sim, a seqüência final de Se7en é tensa e nervosa demais e ainda é o melhor filme do diretor. Mas pra segurar o fôlego é mais eficiente acompanhar o milionário Nicholas Van Orton, banqueiro frio e metódico, ingressar em um jogo que "entrega o que estiver faltando" ao cliente e as conseqüências cada vez mais surreias da partida. Ver o protagonista dizer a si mesmo "é um jogo, é um jogo", lutando pra fazer o seu raciocínio prevalecer sobre o desespero, é a melhor ilustração do clima do filme.

2 comentários:

Anônimo disse...

"The Game" é muito bom mesmo! Por mim, Se7en já seria suficiente para apagar um passado obscuro de qualquer diretor, mas o Fincher fez muito bem em continuar "corrigindo os erros". Pena que ainda não vi Zodíaco...

Aliás, beijos meninos! O Blog tá bem legal! Li todos os textos, mas deu preguiça de comentar um por um... hehehe

Anônimo disse...

Pelo menos comentou o dele... Justo!

hehehehehehe!

Valeu pelo apoio Iris! Daqui para a dominação global falta pouco!

Sobre o post, na minha opinião o melhor filme do David é Fight Club! É atemporal. Não importa quantas vezes eu veja... Todas as vezes me impressionam!

o/